terça-feira, 16 de setembro de 2014

O que significa para as pessoas casadas praticar a virtude da castidade?





Pe. Peter R. Scott

Traduzido por Andrea Patrícia


A castidade é uma virtude moral, relacionada à virtude da temperança, pela qual uma pessoa modera seu desejo pelos prazeres da carne segundo a reta razão. É por conta da ferida da concupiscência – que ele herda com o pecado original – que cada homem deve lutar contra o desejo desordenado pelo prazer sensual, e que deve ter uma virtude correspondente para ter sucesso nessa batalha.

Claramente, no entanto, há uma diferença entre pessoas casadas e pessoas solteiras e aqueles que são viúvos. Pessoas solteiras não têm direito a quaisquer prazeres da carne, tanto os vindos de ações quanto os vindos de desejos, pensamentos ou imaginações. Elas devem consequentemente praticar a perfeita castidade que proíbe qualquer prazer deste tipo. Às pessoas casadas, no entanto, são permitidos os prazeres da carne associados ao ato conjugal, nem é de forma alguma um pecado para elas desfrutar desses prazeres na realização deste ato meritório, realizado de acordo com os fins primários e/ou secundários do casamento (ou seja, crianças ou conforto e apoio mútuos). Entretanto, isto não significa de modo algum que eles estão autorizados a ter qualquer tipo de prazer carnal, a qualquer momento, seja sozinho ou com outro. Na verdade, é um pecado grave para eles dar-se prazer voluntariamente fora do ato matrimonial, e é pecado venial procurar o ato do casamento puramente por prazer, sem pelo menos a intenção implícita do fim primário ou secundário do casamento. Os pecados contra a pureza das pessoas casadas são pecados contra a virtude da castidade conjugal, na medida em que há uma busca desordenada dos prazeres da carne.

Castidade conjugal e castidade perfeita são, consequentemente, a mesma virtude, praticada simplesmente de modo diferente de acordo com a diferença de estado. Daí a expressão “castidade de acordo com seu estado”, o que inclui ambos os casos.

A importância da castidade conjugal no sucesso em longo prazo de qualquer casamento não pode ser subestimada. Se o prazer é procurado, e o prazer desordenado é experimentado, o egoísmo e o egocentrismo irão corromper e destruir o casamento que não é baseado no verdadeiro amor. Se, ao contrário, o controle é sempre exercido, e a relação de casamento é procurada para o bem do cônjuge ao invés de um prazer egoísta, então ele vai ser colocado sobre uma base sólida.

O Papa Pio XI fala da castidade conjugal como sendo de fato uma consequência necessária da bênção da fidelidade recíproca que vem do sacramento do matrimônio:

“Para que a bênção da fé conjugal brilhe com todo seu esplendor, estas relações familiares entre os cônjuges devem ser distinguidas pela castidade para que marido e mulher em todas as coisas ajam de acordo com a lei de Deus e da natureza… Esta fé conjugal, no entanto, que é mais apropriadamente chamada por Santo Agostinho a “fé da castidade” floresce mais livremente, mais belamente e mais nobremente quando ela está baseada naquele solo mais excelente: o amor de marido e mulher, que permeia todos os deveres de vida conjugal… Pois a fé matrimonial exige que marido e mulher unam-se em um santo e puro amor, não como os adúlteros se amam, mas como Cristo amou a Igreja”. (Sobre o Matrimônio Cristão [Casti Conubii], 31 de dezembro de 1930)


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