terça-feira, 6 de agosto de 2013

A Mãe segundo a vontade de Deus (I- O amor materno)




I- O amor materno

            Pode a mãe esquecer o seu filho? diz o Espírito Santo, e pode a mulher deixar de amar o fruto do seu seio? seu coração é uma fonte inesgotável de contínua solicitude e amor; ama os seus filhos mais do que todas as outras pessoas, mais do que a si própria. Entre tantos quadros de amor materno que a história nos patenteia, nenhum achamos mais comovente do que o quadro em que a Escritura nos pinta a ternura da mãe do jovem Tobias.

            Acompanhado do arcanjo Rafael, disfarçado sob a forma humana, acabava de partir para a terra dos Medas; mas a mãe, chorando, dizia, no meio da sua dor, ao marido: «Ficaste sem o bordão da nossa velhice, e afastaste-lo de nós. Oxalá que nunca tivéssemos possuído o dinheiro necessário para a sua viagem! Os poucos bens que possuímos, não eram suficientes para nós? E não era para nós uma grande fortuna ver nosso filho aqui, conosco?» — «Não chores, respondia o velho, o anjo do Senhor acompanhará nosso filho.» E estas palavras enxugavam por um instante as suas lágrimas, e acalmavam as lamentações da mãe.



            Mas não vendo voltar, no dia fixado, o ente que amava, derramava abundantes lágrimas, que nenhuma consolação podia esgotar.— «Ah! quanto sou desgraçada! repetia ela; para que te mandamos para tão longe, meu filho, tu que eras a luz dos nossos olhos, o apoio da nossa velhice, a consolação da nossa vida e a esperança de nossa posteridade? Visto que eras tudo, neste mundo, para nós, nunca deverias ter-nos deixado.» — «Sossega replicava o velho Tobias, o nosso filho está em segurança; o homem, a quem o confiamos, é fiel. Mas a pobre mãe não queria receber consolações, e todos os dias, deixando a casa, percorria todos os caminhos, por onde esperava ver chegar o filho, procurando descobri-lo ao longe. Todos os dias se ia sentar sobre uma montanha, que dominava a estrada, e donde podia circunvagar à vontade o seu olhar. Um dia avistou-o, reconheceu-o imediatamente, correu a levar a seu marido a feliz notícia, e depois abraçou esse querido filho com lágrimas de alegria.

            Citemos ainda um fato admirável que o pró­prio Espírito Santo nos conservou. Tendo pedido os Gabaonitas que lhes entregassem os filhos de Saul, para vingarem sobre eles o sangue dos seus concidadãos, que o seu rei mandara matar, David entregou-lhes sete, que foram crucificados, sobre uma montanha. Resfa, mãe de duas dessas desgraçadas vítimas, não só quis assistir ao suplício de seus dois filhos, e ajudá-los, por sua presença, a arrostar os horrores da morte, mas mesmo depois deles terem dado o último suspiro, estendeu um cilício sobre o rochedo, e ficou ali, sentada, vigiando ao lado dos seus cadáveres, e afugentando, durante o dia, as aves de rapina, e durante a noite os animais ferozes, que ameaçavam devotá-los. David admirou o amor desta mãe generosa, amor que sobreviveu à morte dos filhos, e mandou ele próprio sepultar os cadáveres.

            Mas, para que é necessário ir buscar na história exemplos onde brilhe o amor materno? Não bastará, mães cristãs, que vos fale do vosso próprio coração? Não sentis, dentro de vós, uma força como que irresistível, que vos impele a não viverdes, senão para vossos filhos? Sim, amais, e é por isso que a vossa vida se passa, na solicitude, e através das lágrimas. É o amor de vossos filhos que vos fornece as lágrimas, os suspiros, e os soluços. Para que haveis de perder a consolação e a recompensa que Jesus prometeu aos que choram, não regulando sempre os sentimentos do vosso coração pela razão, e pela fé?

            Sim! Nada é mais legítimo que o amor da mãe, para com seus filhos, e Deus também o ordena; esse amor é o manancial, onde ela encontrará a necessária dedicação para cumprir os deveres que a maternidade lhe impõe, a alma de tudo quanto deverá fazer para bem dos seus filhos. Mas esse amor tem regras a que forçoso é submeterem-se, «que seja terno sem fraqueza, e firme sem dureza. É necessário que as mães saibam precaver-se contra odiosas preferências, e ainda com mais razão, contra tudo o que seja ódio ou desprezo. O coração duma mãe deve ser igual para todos os seus filhos. Corajoso e constante, não recua diante de nenhum trabalho, nem teme nenhum sacrifício, sendo a ingratidão incapaz de a abater ou enfraquecer. Mas, sobretudo o amor materno deve ser cristão, isto é regrado pela lei de Deus, e pelas máximas do Evangelho.




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