segunda-feira, 1 de julho de 2013

Sua bondade.




Confiança

Sua bondade

A verdade é que Nosso Senhor é adoravelmente bom: seu Coração não pode ver sofrer, sem sangrar. Essa piedade O faz operar alguns dos seus maiores milagres espontanea­mente, antes mesmo de ter recebido qualquer súplica.

A multidão segue-O através das montanhas desertas da Palestina; durante três dias, esquece-se, para ouvi-Lo, da ne­cessidade de comer e de beber. Chama, porém, o Mestre os Apóstolos: "Vede essa pobre gente, diz-lhes, não os posso despedir assim: cairiam de inanição em caminho. Tenho pena dessa multidão. E multiplica os poucos pães que restavam aos discípulos.





Outra vez, dirigia-Se Ele à pequena cidade de Naim, escoltado por uma turba bem numerosa. Quase ao chegar às portas, encontra um cortejo fúnebre. Era um jovem que levavam para a última morada: filho único de pobre mãe viúva. Nada esperando mais da vida, em profundo desa­lento, seguia, lamentavelmente, a triste mulher o corpo de seu filho. A vista dessa dor muda emocionou vivamente o Mestre. Tomou-Se de misericórdia. "Pobre mãe aflita, disse, não chores mais!". E, aproximando-se da padiola onde jazia o cadáver, restitui vivo o mancebo à sua mãe.

Almas feridas pela provação: consciências perturba­das pela dúvida, talvez, ou pelo remorso; corações tortura­dos pela traição ou pela morte; vós que sofreis, acreditais, por acaso, que Jesus não tenha piedade das vossas dores?... Isso seria não compreender o seu imenso amor. Ele conhe­ce as vossas misérias; Ele as vê, e seu Coração Se compa­dece delas. É por vós, hoje, que Ele lança o seu grito de compaixão; é a vós que Ele repete, como à viúva de Naim: "Não chores mais, Eu sou a Resignação, Eu sou a Paz, Eu sou a Ressurreição e a Vida!"

Essa confiança, que naturalmente nos deveria inspirar a divina bondade, Nosso Senhor no-la reclama explicitamen­te. Faz dela condição essencial de seus benefícios. Vemo-lo, no Evangelho, exigir atos formais dessa confiança antes de operar certos milagres.

Por que é que Ele, sempre tão terno, Se mostra assim duro na aparência para com a cananéia que Lhe pede a cura da filha? Repele-a por diversas vezes; mas nada a faz desa­nimar. Multiplica ela as suas súplicas tocantes; nada lhe di­minui a confiança inabalável. Era isso justamente o que pre­tendia Jesus: "ô mulher, exclama com alegre admiração, como é grande a tua confiança! " E acrescenta: "Que a tua vontade seja feita".

"Fiat tibi sicut vis ". A confiança obtém a realização dos nossos desejos: é Nosso Senhor, Ele próprio, Quem o afirma.

Estranha aberração da inteligência humana! Cremos nos milagres do Evangelho, visto que somos católicos convictos; cremos que Cristo nada perdeu do seu poder subin­do aos Céus; cremos na sua bondade, provada em toda a sua vida... E, no entanto, não sabemos abandonar-nos à con­fiança nEle!

Como conhecemos mal o Coração de Jesus! Obstinamo-nos a julgá-Lo pelos nossos fracos corações: parece em verdade que queremos reduzir a sua imensidade às nossas mesquinhas proporções. Custamos a admitir essa incrível misericórdia para com os pecadores, porque so­mos vingativos e lentos em perdoar. Comparamos a sua infinita ternura com os nossos pequeninos afetos... nada podemos compreender desse fogo devorador que fazia do seu Coração um imenso braseiro de amor, dessa santa pai­xão pelos homens que O dominava completamente, dessa caridade infinita que O levou das humilhações do Presépio ao sacrifício do Gólgota.

Infelizmente, não podemos dizer com o Apóstolo São João, na plenitude de nossa fé: "Cremos, Senhor, no vosso amor!" "Credidimus caritati"
.
Mestre Divino, queremos doravante abandonar-nos in­teiramente à vossa direção amorosa. Confiamo-Vos o cuida­do do nosso futuro material. Ignoramos o que nos reserva esse futuro, sombrio de ameaças. Mas abandonamo-nos às mãos da vossa Providência.

Confiamos ao vosso Coração os nossos pesares. São por vezes bem cruéis. Mas Vós estais conosco para suavizá-los.

Confiamos à vossa misericórdia as nossas misérias morais. A fraqueza humana faz-nos temer todos os desfalecimentos. Mas Vós, Senhor, nos haveis de amparar e preservar das grandes quedas.

Como o Apóstolo preferido que repousou a cabeça sobre o vosso peito, assim pousaremos nós sobre o vosso Divino Coração; e, segundo a palavra do Salmista, aí dormiremos em deliciosa paz, porque estaremos, ó Jesus, radicados por Vós numa confiança inalterável.



(Livro da Confiança – Padre Thomas de Saint-Laurent)

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