terça-feira, 9 de julho de 2013

9 de Julho - Santos Mártires de Gorkum. (Século XVI)




Quando  no século XVI as heresias  de Lutero e Calvino conseguiram insinuar-se na Holanda, lá, como na Alemanha e  na Suíça,  foram causadores de  graves distúrbios.  Os calvinistas rebelaram-se contra  o governo do rei Filipe II e, chefiados pelo  príncipe de Orange, tomaram  à força armada algumas  cidades, entre estas a  de Gorkum.O governador retirou-se  para o castelo em companhia de alguns católicos, dois párocos, onde frades franciscanos e alguns sacerdotes seculares.  Os calvinistas, senhores que se fizeram  da  cidade, forçaram o castelo  à  rendição.   Esta se efetuou sob a condição, porém,  de ser  garantido  livre  egresso a todos.  Os calvinistas, desprezando esta combinação, aprisionaram o comandante, todos  os clérigos  e dois cidadãos, dos quais um foi enforcado imediatamente. Os sacerdotes eram de preferência alvo do furor  calvinista.  Maus  tratos  revezavam com ameaças de morte e  finalmente  foram todos metidos num calabouço subterrâneo.  No dia  de  sexta-feira, lhes deram carne a  comer. Querendo eles, porém, observar a  abstinência, tiveram de suportar  toda a  sorte de sofrimentos e  injúrias.  



                 
Ergueram em sua presença uma força  ameaçando-os  com a morte, se não quisessem  negar a fé  no Santíssimo  Sacramento.  Ao vigário,  padre Nicolau Van Poppel um dos bandidos pôs a  arma na testa e  berrou  aos  ouvidos:  “Anda,  padre! Como é?  Tantas vezes declaraste no púlpito que estavas  pronto a  dar a vida  pela fé. Pois  então, dize! Estás mesmo  disposto?”    O padre respondeu: “Dou a minha  vida com muito prazer, se é  em testemunho da  minha  fé e  principalmente do artigo por vós  rejeitado, o da presença  real  de  Jesus  no  Santíssimo Sacramento”.  Perguntado pelos tesouros, que supunham  estarem escondidos  no castelo, padre Nicolau não soube dar informações  a respeito. O calvinista lançou-lhe então uma corda  ao pescoço, puxou-o de  um lado para o outro, até que caiu como morto.    




Chegara vez  dos franciscanos.  Ao frei Nicásio Pick puseram o mesmo cordão ao pescoço, arrastaram-no à porta do cárcere.  Lá chegando,  meteram a  corda por cima da  porta e puxando com força, suspenderam a vítima  a  altura considerável, para imediatamente deixarem cair.  Isto praticaram com   diabólico prazer.  Afinal a  corda  rebentou e  o pobre padre caiu pesadamente ao chão, sem mais dar sinal de vida.  Para  verificar se  estava  vivo ou morto, os soldados trouxeram  velas, queimaram-lhe a testa, o nariz, as pálpebras, as orelhas,  a  boca e finalmente a língua. Como o padre não desse  mais sinal de vida, deram-lhe pontapés e  disseram com ar de desprezo:  ” É  um frade, que importa?”  Mas  o padre não estava morto, tanto que no dia seguinte os  bandidos tiveram sua satisfação de poder continuar as crueldades.Durante toda a noite  os padres  estiveram entregues  à  sanha daqueles demônios em figura  humana. Não havia nada que  abrandasse o  furor  dos  endiabrados hereges.  Davam  bofetadas  nos  religiosos, com tanta força e brutalidade, que lhes corria  o sangue pelo nariz e pela boca. O padre  Willehad, um venerável  ancião de  noventa anos, repetia a cada  bofetada  que recebia, a   jaculatória: “Deus seja louvado!”  Os algozes, sentindo-se fatigados de  tanto bater, ajoelhavam-se  diante dos padres e  entre risos de escárnio, arremedavam a confissão, proferindo nesta ocasião obscenidades e  blasfêmias  horríveis e  asquerosas. Em outra ocasião,  amarraram os  religiosos  dois  a  dois e  obrigaram-nos a  andarem em fila, imitando a procissão e  a  cantar o “Te Deum” e  tudo isto sob  a  algazarra  satânica da  soldadesca desenfreada.  Depois puseram dados nas mãos das vítimas para  assim.  à  guisa do jogo,  tirar  a  sorte quem  deles  primeiro havia de  subir  à forca.  O padre Guardião exclamou:  “Não se faz mister de jogo,  estou pronto, porque já passei por esta delícia” Os católicos de Gorkum envidaram todos os esforços para libertar os prisioneiros. Para este  fim, dirigiram  uma petição ao príncipe de Orange.   Os calvinistas  suspeitando  qualquer  reação, tiraram aos  franciscanos o  hábito e  despacharam-nos, com outros  sacerdotes, na noite de  5 a 6 de julho, para Briel, à residência do  clerofobo conde  Lumam von  Marc. A pena se nega  a  fazer a  descrição de  tudo que aqueles religiosos tiveram de sofrer, dos verdugos e  do populacho fanático.  Em  Dordrecht estava  à  espera um navio, que devia levá-los até Briel. Antes  do embarque, um bando de calvinistas arrastou os mártires a  um lugar perto do rio, onde estava  aparelhada uma forca.   Como cães  raivosos, atiraram-se sobre as pobres vítimas e  o ar  encheu-se de insultos  e vitupérios como estes:  “Eis  aí a vossa Igreja! Ide, rezai a vossa Missa”.   Em seguida, obrigaram-nos a  passarem três  vezes em volta da força, sendo a  última vez com  os joelhos no chão, sob o  canto da “Salve Rainha”. Enquanto os religiosos  se puseram a obedecer esta  ordem ridícula  e  estapafúrdia, choviam-lhes  bengaladas e pedradas  às  costas.  O padre vigário Jerônimo  de  Weert,  vendo estas indignidades, não mais se conteve  e  disse: “Que estou presenciando? Estive  entre turcos e  infiéis, mas coisa  igual a esta eu nunca vi!”  Finalmente o triste cortejo chegou a Briel. Lá o esperava o conde  Lumm, com dois  pregadores da seita e  alguns magistrados. Todos  se  empenharam  para conseguir  dos  prisioneiros  a  renúncia à  fé, em particular ao dogma  da real presença de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento. Foram baldados os esforços. Os mártires unanimemente rejeitaram as  propostas  feitas e  preferiram  continuar na prisão.  O cárcere  que os recebeu, era  uma pocilga imundíssima. Uma ordem do príncipe de Orange, de por  em liberdade  os prisioneiros, não foi cumprida. O conde Lumm, embriagado de  ódio e  vinho, mandou-os  levar, alta noite, às  ruínas do convento Rugem, que pouco antes tinha sido incendiado pelos calvinistas.  Restara  ainda o celeiro.  O padre Guardião foi lá mesmo enforcado, depois de ter animado os irmãos  à  constância.  Depois  deles, foram estrangulados todos os companheiros. O fanatismo dos  calvinistas nem respeitou os cadáveres dos mártires.  Cortaram-lhes o nariz, as orelhas e levaram-nos como  troféus de vitória nos capacetes e chapéus. Os católicos resgataram por muito dinheiro  os  corpos dos santos irmãos e  transportaram-nos para Bruxelas.  Clemente X beatificou-os  em  1674 e Pio IX  elevou-os  à  categoria de  Santos, no ano de  1867. 

Eis os  nomes dos  gloriosos mártires de Gorkum: 



Onze deles eram franciscanos: 

Nicolau Pieck, Jerônimo de Werder, Thierry de Embden, Nicário Jonhson, Wilhade de Dinamarca, Godofredo de Merveille, Antônio de Werden, Antônio de Harnário, Francisco Rodes de Bruxelas, Pedro de Asca no Brabante e Cornélio de Dorestante, no território de Ultrecht. Um dominicano, João de Colônia dois nobertinos ou premonstratenses, Adriano Janszen e Tiago Lacops João Lenartsz, que era cônego regular de Santo Agostinho e quatro padres seculares. 

Foram beatificados em 1675 e canonizados em 1867.


Santos Mártires de Gorkum, rogai por nós.





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