sábado, 1 de junho de 2013

A Encarnação do Verbo



Confiança

A Encarnação do Verbo

O sábio constrói a casa sobre o rochedo: nem inundação, nem chuvas, nem tempestades a poderão lançar por terra. Para que o edifício da nossa confiança resista a todas as provas, preciso é que se eleve sobre bases inabaláveis.

"Quereis saber, diz São Francisco de Sales, que fundamento deve ter a nossa confiança? Deve basear-se na infinita bondade de Deus e nos méritos da Morte e da Paixão de fosso Senhor Jesus Cristo, com essa condição de nossa parte: a firme e total resolução de sermos inteiramente de Deus de nos abandonarmos completamente e sem reservas à sua Providência".

As razões de esperança são demasiado numerosas para que possamos citá-las todas. Examinaremos aqui somente as que nos são fornecidas pela Encarnação do Verbo e pela   Pessoa sagrada do Salvador. De resto, é Cristo em verdade a Pedra angular sobre a qual principalmente deve apoiar-se a nossa vida interior.

Que confiança nos inspiraria o mistério da Encarnação, se nos esforçássemos por estudá-lo de maneira menos su­perficial!...

Quem é essa criança que chora no presépio, quem é esse adolescente que trabalha na oficina de Nazaré, esse pregador que entusiasma as multidões, esse taumaturgo que opera prodígios sem conta, essa vítima inocente que morre na Cruz?

É o Filho do Altíssimo, eterno e Deus como o Pai... é o Emanuel desde tanto tempo esperado; é Aquele que o Profeta chama "o Admirável, o Deus forte, o Príncipe da paz".

Mas Jesus — disto nos esquecemos freqüentemente -é nossa propriedade. Em todo o rigor do termo, Ele nos per­tence; é nosso; temos sobre Ele direitos imprescritíveis, pois o Pai celeste no-Lo deu. A Escritura assim o afirma: "O Fi­lho de Deus nos foi dado".

E São João, em seu Evangelho, diz também: "Deus amou tanto o mundo, que lhe deu seu Filho único".

Ora, se Cristo nos pertence, os méritos infinitos de seus trabalhos, de seus sofrimentos e da sua morte nos pertencem também. Sendo assim, como poderíamos perder a coragem? Entregando-nos o Filho, o Pai do Céu nos deu a plenitude de todos os bens. Saibamos explorar largamente esse precioso tesouro.

Dirijamo-nos, pois, aos Céus com santa audácia; e, em nome desse Redentor que é nosso, imploremos, sem hesitar, as graças que desejamos. Pecamos as bênçãos tem­porais e sobretudo o socorro da graça; para a nossa Pátria solicitemos paz e prosperidade; para a Igreja, calma e li­berdade.

Essa oração será certamente atendida.

Assim agindo, não fazemos nós um negócio com Deus? Em troca dos bens desejados, oferecemos-Lhe o seu pró­prio Filho unigênito. E nessa transação Deus não pode ser enganado: dar-Lhe-emos infinitamente mais do que dEle receberemos.

Essa oração, pois, se a fizermos com a fé que transporta montanhas, será de tal sorte eficaz que obterá, se preciso for, mesmo os prodígios mais extraordinários.


(Livro da Confiança, Padre Thomas de Saint-Laurent)



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