terça-feira, 23 de abril de 2013

A confiança é uma firme esperança



Confiança



Este trabalho não tem outro fim senão o de vos iniciar no conhecimento e na prática dessa virtude. Dela, aqui, se exporá, muito simplesmente, a natureza, o objeto, os fundamentos e os efeitos.

Leitor piedoso, se alguma vez este modesto livrinho te cair nas mãos, não o ponhas de parte com desdém. Não pretende ele nem encanto literário nem originalidade. Contém, apenas, verdades consoladoras que colhi nos Livros inspirados e nos escritos dos Santos – eis o seu único mérito.

Tenta lê-lo devagar, com atenção, em espírito de oração. Quase diria: medita-o! Deixa-te penetrar docemente pela sua doutrina. A seiva do Evangelho palpita dessas páginas; haverá para as almas melhor alimento do que as palavras do Senhor?...

Que, ao acabar esta leitura, te possas confiar totalmente ao Mestre adorável que tudo nos deu: os tesouros do seu Coração, o amor, a vida, até a última gota do seu Sangue!...

A confiança é uma firme esperança

Com a concisão que traz o cunho de gênio, define São Tomás a confiança: “Uma esperança fortalecida por sólida convicção”. Palavra profunda que não faremos senão comentar neste capítulo.

Pesemos atentamente os termos que emprega o Doutor Angélico: “A confiança, diz ele, é uma esperança”. Não uma esperança ordinária, comum a todos os fiéis; um qualificativo preciso a distingue: é “uma esperança fortalecida”. Notai bem, no entanto: não há diferença de natureza, mas somente  de grau de intensidade.

Os albores incertos da aurora, tal como o esplendor do sol zênite, fazem parte do mesmo dia... Assim a confiança e a esperança pertencem à mesma virtude: uma é, apenas, o desabrochar completo da outra.

A esperança comum perde-se pelo desespero; pode tolerar, no entanto, certa inquietação... Quando , porém, atinge essa perfeição que faz trocar o seu nome pelo nome de “confiança”, torna-se-lhe, então, mais delicada a susceptibilidade. Não suporta mais a hesitação, por leve que se imagine. A menor dúvida a rebaixaria e a faria voltar ao nível da simples esperança.

O profeta Real escolhia exatamente as expressões quando chamava a confiança: “uma superesperança”. Trata-se realmente aqui de uma virtude levada ao máximo de intensidade.

E o Padre Saint-Jure, autor espiritual dos mais estimados do século XVII, via justamente nela uma esperança “extraordinária e heróica”.

Não é, pois, a confiança flor banal. Cresce nos cumes, e não se deixa colher senão pelos generosos.


(Livro da Confiança, Padre Thomas de Saint-Laurent)

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