quarta-feira, 18 de abril de 2012

O Santíssimo Sacramento Ou As obras e vias de Deus - V


V - Tabernáculo 
 
O Tabernáculo é o quarto mistério do Santíssimo Sacramento. Como é admirável a vida de paciência e de silêncio que Jesus leva nesta prisão do Seu amor!

Tudo quanto toca a Nosso Senhor é marcado com o selo da duração. Não é um relâmpago que brilha e se apaga, não cortando a escuridão da noite senão para aumentar-lhe o horror. Não é uma visita que passou antes que lhe reconhecêssemos as feições. Tal como os Apóstolos O viram, mantendo-Se pacificamente entre eles em todo o esplendor da Sua ressurreição, quando lhes disse: "Tocai-me e vede-me", assim permanece Ele hoje entre nós no Santíssimo Sacramento, afim de que aprendamos a conhecê-lO, a vencer a agitação que nos possui, quando em Sua presença, a recobrarmo-nos da nossa surpresa, e, se for possível, a nos familiarizar com Aquele que deve ser nosso hóspede durante todo o curso da nossa vida.

Ali, podemos vir expor os nossos pesares, os nossos cuidados, as nossas necessidades todas as horas do dia, quando a igreja está silenciosa e deserta. Somos livres de escolher o nosso tempo, e a duração das nossas visitas pode variar segunda as exigências do nosso amor.

Há na simples e silenciosa proximidade do Santíssimo Sacramento uma unção e um poder que nenhuma palavra poderia exprimir. Os membros das comunidades Religiosas acostumados a repousar sob o mesmo teto que o Santíssimo Sacramento conhecem este sentimento de melancolia misturado com ansiedade, esta penosa sensação de uma ansiedade sempre insatisfeita que os não deixa quando afastados da sua piedosa moradia. Este movimento febril que sentem na Sexta-Feira Santa, procede do sentimento de estar o Santíssimo Sacramento ausente da casa.

Há de necessidade haver tantos modos de frequentar o Santíssimo Sacramento quantas são as almas humanas existentes. Uns vêm para ouvir; outros, para falar; estes para se confessar a Ele, com a um Diretor; aqueles para fazer exame de consciência perante Ele, como Juiz; outros para Lhe render homenagem, como a um Rei; outros estudam nEle o doutor e o profeta; outros, ainda, vêm-Lhe pedir asilo, como a Seu Criador. Há os que sentem alegria em meditar sobre a Sua Divindade, sobre a Sua Santa Humanidade ou sobre os mistérios da estação. Há os que vêm para adorá-lO, cada dia sob um título diferente: como Deus, como Pai, como Irmão, como Pastor, como chefe da Igreja e assim por diante.

Há, enfim, os que vêm, quer para adorar, quer para estar junto a Ele; quer para implorar favores, quer para Lhe render graças, quer para Lhe pedir consolações; mas todos O visitam com amor e para com todos que O vêm visitar Ele é fonte de graças celestes, fonte fecunda, donde decorre uma multidão de bens, dos quais a criação toda junta não nos poderia conferir um só.

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