sexta-feira, 30 de março de 2012

Meditações Para todos os Dias da Semana - Parte 5/6

SEXTA-FEIRA,
A ETERNIDADE DAS PENAS




Considera, ó alma, que se caíres no inferno, nun­ca mais dele sairás. Lá se sofrem todas as penas e todos os tormentos. Terão passados cem anos desde que caíste no inferno, terão passados mil e o inferno estará ainda em seu começo; passarão ainda cem mil, passarão milhões de séculos, e o inferno será como em começos. Se um anjo levasse aos condenados à notícia que Deus os iria libertar do inferno depois de passa­dos tantos milhões de séculos quantas são as gotas de água do mar, as folhas das árvores, os grãos de areia da terra, esta notí­cia lhes causaria indizível satisfação. 
É verdade, diriam, que devem passar ainda séculos, mas um dia hão de acabar. Pelo contrário, passarão todos estes séculos e todos os tempos que se possam imaginar e o inferno será como se então começasse. Todos os condenados fariam de boa vontade com Deus o se­guinte pacto: Senhor, aumentai quanto quiserdes os meus suplícios; deixai-me nestes tormentos por quantos séculos quiserdes, contanto que eu possa ter a esperança de um dia ser salvo destes tormentos. Mas nada, esta esperança, este termo nunca chegará.

— Se ao menos o pobre condenado pudesse enga­nar-se a si mesmo e iludir-se dizendo: “Quem sabe, um dia tal­vez Deus se compadecerá de mim e me arrancará deste abismo!” Mas não, nem isto: verá sempre escrito diante de si a sentença de sua eterna infelicidade. Pois então, irá ele dizendo: todas es­tas penas, este fogo, estes gritos, nunca mais hão de acabar para mim? Não, lhe será respondido, não, jamais. E durarão sempre? Sempre, por toda a eternidade! Oh, eternidade! Oh, abismo sem fundo! Oh, mar sem praias! Oh, caverna sem saída! Quem pode ficar sem tremer, pensando em ti?

— O que te deve encher de pavor, alma cristã, é que aquela horrível fornalha está sempre aberta debaixo de teus pés, e que é suficiente um só pecado mortal para lá te fazer cair. Compreendes bem o que estás lendo? Uma pena eterna, pode ser o fruto de um só pecado mortal, que cometes com tanta facilidade. Uma blasfêmia, uma profanação dos dias san­tos, um furto, um ódio, uma palavra, um ato, um pensamento obsceno, pode ser bastante para mereceres a condenação às penas do inferno. Escuta pois, ó cristão, o meu conselho: Se a consciência te acusa de algum pecado, vai depressa confessar-te; e trata de começar uma vida boa. Põe em prática todos os meios que te indicar o confessor. Se for necessário, faze uma confissão geral. Promete que há de fugir das ocasiões perigosas, e se Deus te inspirasse até para deixar o mundo, segue logo a sua voz. Tudo o que fizeres para evitar uma eternidade de tormentos é pouco, é nada. Lança-te aos pés do teu Deus e dize-lhe: “Se­nhor, estou pronto a fazer o que Vós quiserdes; nunca mais hei de pecar em minha vida; já por demais vos tenho ofendido; mandai-me todos os sofrimentos que quiserdes durante esta vida, contanto que eu possa conseguir a salvação.”

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